quarta-feira, 30 de junho de 2010

música.

Nunca gostei de ir à praia e sempre que os meus pais me tentavam arrastar para lá, eu inventava uma desculpa qualquer. Simplesmente não gostava, ainda pior se estivessem lá muitas pessoas.

Naquele ano, a minha melhor amiga e o namorado dela conseguiram levar-me com eles e ainda é um mistério para mim como o conseguiram fazer. De qualquer das formas, passei quase o tempo todo debaixo do guarda-sol, sentada de pernas cruzadas na minha toalha e com um livro sobre as pernas.

Pretendiam ficar lá até tarde, tanto que já começava a ficar com as pernas dormentes e precisava de me mexer. "Acho que vou dar uma volta até à beira mar." Informei. "Queres companhia?" Interrogaram quase ao mesmo tempo, trocando depois um olhar curioso mas divertido. "Não, obrigada."

Afastei-me lentamente, observando as ondas a rebentarem a poucos metros de mim e os seus tons alaranjados devido ao Sol que se começava a esconder e despedir, a deixar escapar os seus últimos raios para dar lugar à majestosa Lua. Aproximei-me o suficiente da água para esta me tocar nos pés. Um arrepio percorreu-me o corpo e por momentos, desejei poder mergulhar e deixar que as ondas me livrassem de todos os meus problemas.

Recuei o suficiente para me sentar na areia ao lado de algumas algas secas que me começavam a fazer cócegas nas pernas. Começei a ouvir o som melodioso do dedilhar de uma guitarra. Reconhecia aquele som tão bem pois eu sabia tocar guitarra e eram raras as vezes em que me afastava dela e aquela melodia era-me familiar. Aguardei alguns segundos para tirar as minhas conclusões e sim, era a "Set the fire to the third bar" dos Snow Patrol.

Olhei à minha volta para tentar encontrar quem tocava e cantava aquela música. A poucos metros de distância, estava um rapaz a caminhar para perto de mim com a sua guitarra presa pela correia sobre o ombro. Tinha um sorriso encantador e talvez o meu instinto me tenha obrigado a levantar e aproximar dele, murmurando algumas partes da música, timidamente. Ele desviou o olhar da água até mim e piscou-me o olho, incentivando-me a cantar com ele. A força da música é fantástica e graças a ela, descobri o rapaz que hoje é o meu melhor amigo.


ps: Não é veridico. (:

segunda-feira, 28 de junho de 2010

não tão estranho.

Tinha sido acordada pelo ruido das portas da carruagem a serem fechadas com alguma força. Estava escuro e as pessoas à minha volta dormiam. Fui a única que se deu conta de mais alguém naquela carruagem. O rapaz olhava para mim com uma expressão culpada, como que a pedir desculpa. "Uhm, acordei-te, não foi?" Murmurou, caminhando cautelosamente na minha direcção. Acenei levemente com a cabeça com um pequeno e forçado sorriso nos lábios e apertei o cobertor cor-de-rosa contra o meu corpo como que a tentar aquecer-me. "Posso sentar-me aí?" Interrogou, apontando para o lugar vazio à minha frente. Voltei a acenar com a cabeça positivamente.

Era bonito e conhecia-o de algum lado... era-me muito familiar. Tinha cabelos negros a cair-lhe sobre os ombros e olhos brilhantes dos quais não conseguia distinguir a cor, mas fugiam para o cinza. Os lábios eram finos e tinha um ar amigável. Tentei fechar os olhos e voltar a adormecer mas sentia os daquele estranho colados a mim. De qualquer das formas, estava desconfortável e era mais que certo que já não ia conseguir adormecer outra vez. Afastei o cobertor e deixei-o apenas sobre as minhas pernas.

"Como te chamas?" Interroguei. Fui deliciada com um sorriso e os dentes dele cintilivam com a luz que provinha da lua. "Sou um amigo, não precisas de saber o meu nome. Para onde vais?" Não me sentia muito à vontade mas respondi-lhe, ignorando o facto de não ter dito o seu nome. "Não sei. Vou para onde este comboio me levar."

Ele voltou a sorrir-me e ajeitou o cabelo, como que num tique adquirido há muito tempo. "Eu vou para onde o destino me quiser levar." Fui obrigada a levantar uma sobrancelha com aquela observação. Ri-me suavemente. "Acreditas mesmo no destino?" Ele levou algum tempo a responder, como se tivesse receio da minha reacção mas respirou fundo e inclinou a cabeça para o lado da janela, deixando a lua atingir-lhe os olhos. Naquele momento tive a certeza que eram cinzentos. E lindos. "Sim. Infelizmente, não tive sorte mas aqui estou eu, a proteger-te." Sem tempo para responder-lhe ou sequer pensar bem no que ele tinha dito, ouviu-se o som de um despertador.

Acordei a transpirar. Olhei à minha volta e estava no meu quarto. Roupas espalhadas pelo chão e o coberto cor-de-rosa a tapar-me. Desviei o olhar até à mesa de cabeceira onde estava uma moldura e reconheci o rapaz do meu sonho: o meu anjo da guarda.


ps: a inspiração derivou de um amigo meu, o Gustavo. Quero agradecer-lhe por me deixar ser a fã #1 dele e também agradecer-vos por continuarem a seguir o meu blog e a deliciarem-me com comentários tão simpáticos (': Muitos beijinhos*



sábado, 26 de junho de 2010

colorir.

O amarelo nunca fica mal. É uma cor que transmite luz. Se o colocar ao lado do vermelho, azul, verde e cor-de-rosa, sem nunca os misturar, faço um painel colorido. Acrescento cor-de-laranja e gosto do que vejo. Posso não ter visão artistica nenhuma mas se não gostar das minhas próprias criações, por muito simples que sejam, ninguém o vai fazer por mim.

Chamei alguém para me ajudar a pintar aquele painel. Uma amiga, com visão artistica melhor que a minha. Em poucos minutos, aquele painel onde tinha distribuido as cores, lado a lado, estava totalmente abstracto. Não se percebia o que estava ali mas com toda a certeza, havia uma mensagem. "O que há por trás disto?" Ela perguntou-me, tingindo-me o rosto com azul numa pequena brincadeira. Ri-me. "Não é óbvio?"

Seguiram-se longos minutos de diversão e a certa altura já era tanta e tão cansativa, que páramos para respirar. Olhei para mim mesma. Estava coberta de tinta. Azul aqui, vermelho ali, amarelo acolá. "Mas a sério, o que há por trás desta confusão?" Ela voltou a perguntar, apontando para o cáus à nossa volta. As paredes estavam salpicadas de tinta, assim como alguns materiais que mais tarde a minha mãe ia precisar e até mesmo aquele casaco preto que o meu pai costumava deixar em cima da secretária. Ia ouvir ralhar mais tarde mas aquela confusão era... linda. Fitei o painel, o ponto de partida.

"Por vezes, até os cenários mais tristes precisam de ser coloridos. É essa a mensagem."

sexta-feira, 25 de junho de 2010

por amor.

É por amor que não damos importancia ao comentarios menos agradáveis que nos são dirigidos.
Quando ia na rua de mãos dadas com ele, forte, lindo, sorriso perfeito, mas todo tatuado, ficavam a olhar para nós de lado e a comentar entre si. Uma amiga próxima perguntou-me se não tinha medo dele, tendo em conta que a diferença de alturas entre os dois não é nada pequena e avaliado a minha forma física: magra e um ar frágil. Eu respondi sempre "Não, não tenho medo dele."
Iamos ao Skatepark quase todos os dias e, naquele, calhou a estar a passar por lá uma mulher com os seus 34 anos, de mãos dadas com o filho, com os seus 3 ou 4 anos.
Ele estava a andar de skate perto do pequino e este pareceu ficar fascinado; não com aquelas manobras todas mas... com as tatuagens. Gritou algumas palavras a chamá-lo até que ele parou o skate e se ajoelhou perto do rapaz. Agarrou no skate na vertical e mostrou-lhe, exibindo um sorriso de fazer derreter o coração. Ficou surpreso quando o rapaz gesticulou acrescentando um "nhão. 'tás pintadoo!" e avançou, tocando-lhe nos braços. Depois disse "és o meu novo amigo" na sua pronuncia atrapalhada e saltou para os braços dele. A mãe, que observava o pequeno, parecia reticente mas eu avancei e transquilizei-a. Fiquei a observá-lo e a maneira como abraçava o pequenino era mágica.´
Nota: Isto não é veridico, apenas derivou da imagem. :3

segunda-feira, 21 de junho de 2010

dizer adeus.

Quase de certeza que todos se lembram do primeiro animal de estimação. O meu foi um cão chamado Pluto mas esta não é a história dele, é a da Borboleta.

Não me lembro de quando a recebi nos meus braços mas lembro-me que devia ter os meus 9 anos de idade e andava a correr com ela de um lado para o outro, a brincar às escondidas, e ela encontrava-me sempre. Também me lembro de quando ia passear com ela e lhe soltava a trela.

A borboleta corria, rebolava-se na relva, ia ter com os cães dos vizinhos, não deixava dormir a Srª Saudade e quando me chateava com ela, escondia-se sempre no seu refugio. Nunca me deu problemas e, algo que eu achava extraordinario, tinha uma óptima relação com todos os gatos que iam surgindo ao longo dos anos lá em casa.

Mas, foi ficando velha. O primeiro susto que apanhei com ela, foi quando a encontrei pendurada no muro quase a morrer com falta de ar. Voltou a repetir-se uma segunda vez. Depois, continuou a sua vida como se nada estivesse a acontecer.

Agora... bem, agora não a posso ver; ela esconde-se de mim. Por uma conversa que ouvi, está cega de um olho, ferida numa perna e à beira da morte. Não sei se já chamaram o veterinário mas, honestamente, não quero saber. Aliás, quero, mas não preciso que me lembrem que tudo tem um fim.

Eu adoro a Borboleta - e neste momento estou a limpar as lágrimas que insistem em cair-me dos olhos enquanto escrevo isto - e vou sempre lembrar-me dela. Razões pelo qual o vou fazer: deixou-me uma cicatriz enorme quando se zangou comigo; foi a cadela mais teimosa que alguma vez tive; não me podia ver a comer, que vinha logo com olhinhos a brilhar 'pedir-me' um pouco do que tinha nas mãos; esteve perto de mim nos piores e nos melhores momentos. Adoro-a, mas chegou a altura de dizer Adeus. Por muito que eu não queira.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

para sempre.

"Eles dizem que o amor é para sempre, mas só preciso que fiques."
Se és o principe, eu vou ser a princesa. Como tal, o meu único desejo é saber porque me escolheste, a mim. Descrever a tua beleza é complicado e de certo que as palavras não o conseguem fazer. Não prometo que vá tudo correr pelo melhor, estaria a mentir, mas posso prometer que não te vou deixar, só se quiseres que vá embora. Não ficaria magoada mas não me consigo imaginar em qualquer outro lugar sem ser nos teus braços.
Sim, apaixonei-me desde o momento em que os teus lábios tocaram os meus. Apaixonei-me por aquilo que somos.
Enquanto estiveres comigo, sei que vou ficar bem.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

9 crimes.



Quando ela chegou aos portões do inferno, levada pela tão famosa barca que tinha estudado nas aulas de Português, foi recebida pelo Diabo, que a observou com curiosidade e o seu tão caracteristico ar maldoso.

"Estás na barca errada, mas o inferno sempre é mais divertido que o paraíso. Afinal, que fizeste para estar aqui?" O que tinha feito? Escolhas erradas.

Ela sorriu timidamente. "Nasci. Conheci alguém que nunca se devia ter cruzado comigo. Chorei por essa pessoa. Ela não merecia as minhas lágrimas. Deixei de lhe falar. Senti-me péssima. Ela traiu-me. Chorei novamente. Amei-a."

Confessou. Baixou o rosto sob o olhar curioso do Diabo e aguardou a resposta do mesmo. "E achas que deves vir para o inferno por isso? Tu é que sofreste, não fizeste nada de mal, rapariga. Dá meia volta e vai para a outra barca, não quero aqui anjos."

domingo, 6 de junho de 2010

Reino das sombras.


"Bem-vindo ao Reino das Sombras onde a luz tinha dificuldades em aparecer."

Transformáste-me na rapariga que sou hoje. Obrigada! Eu era forte, aguentava tudo, nunca chorava. Agora sou introvertida, insegura da minha própria força e não deixo as pessoas aproximarem-se de mim com a facilidade de antigamente. Sou sensivel.

Tu. Tu és o culpado.

Mas por outro lado, devo-te isso.

Ensináste-me muitas coisas mas continuo a precisar de ti. Sim, é verdade, partiste-me o coração, fizeste-me chorar noites a fio, todos os meus amigos estavam preocupados e eu não conseguia compreender o que o meu coração me dizia. Eram palavras distorcidas.

Havia muita luz, agora só há escuridão.

Sinto-me coberta por sombras.

Mas isso vai mudar. Sempre me disseram que existe um anjo guardião a nosso lado. Não acredito muito nisso mas acredito que o meu anjo está sempre comigo e ele não é uma força invisivel. É alguém que consigo ver, abraçar. E foi esse anjo que me ajudou a levantar quando me deixáste sozinha. Quando me abandonáste.

O meu anjo não me abandona, não pára de me apoiar, nunca parou de tentar fazer-me sorrir. Ele sim, merece o meu coração. Tu não.

sábado, 5 de junho de 2010

melhor amigo?

Porque ele foi o rapaz mais importante da minha vida. Porque ele era perfeito, mesmo com os milhões de defeitos que tinha.

Gosto de recordar todas as manhãs em que chegava à escola e ele estava encostado ao portão, a lamentar-se que a seguir iamos para a aula de Matemática. Também me recordo de todos os intervalos em que nos sentavamos nos bancos a falar sobre as nossas bandas favoritas, pessoas de que tinhamos saudades, e os jogos favoritos dele. Eu tinha muita paciencia para o ouvir - todos os dias - a falar sobre aquele jogo novo para a PSP que a mãe lhe tinha comprado.

Lamento não ter confiado totalmente nele ao ponto de não conseguir contar o que se tinha passado na noite anterior para lhe ter ligado a chorar só porque queria ouvir a voz dele. Mas não interessa, porque ele esteve lá. Esteve lá quando mais precisei. Esteve lá para fazer os meus dias valer a pena.

Ele não era o aluno mais inteligente, muito menos o mais dedicado; yup, nos estudos ele falhava algumas vezes mas no que dizia respeito à amizade, NUNCA falhou.

Se tivesse oportunidade de voltar atrás no tempo, eu fazia-o & valorizava cada momento ainda mais. Corrigia todos os erros que cometi e que ele perdoou e arranjava maneira dele não se esquecer de mim.

Ele amava-me e ainda me ama, tal como eu o amo a ele. É como um irmão para mim e aquele rapaz que me marcou, tanto por bons motivos como que por maus. Nunca vou esquecer tudo aquilo que fez por mim.

Agora que vejo bem, não estou com ele há 1 ano e poucos meses. Tenho saudades daquele rapaz ao qual chamo, hoje, e sempre irei chamar, de Melhor Amigo.
Meu Jorge <3

sexta-feira, 4 de junho de 2010

respirar.

Queria respirar mas sentia-me sufocada. É horrivel quando queremos seguir com a nossa vida, pelo nosso próprio pé sem ter que depender de mais ninguém, e não nos deixam. Sentia-me inutil fechada naquele mundo em que, no passado, lhe chamei 'quarto'.

Fiz o melhor que pude para os fazer ver que era a minha vida, o meu sonho, algo só MEU e pelo qual estava disposta a lutar, mas não. Não aceitam a ideia de me ver noutro país a estudar aquilo que gosto.

E por isso, fugi de casa, apanhei o primeiro avião para a América.
Eu não estava zangada; só não queria continuar a ser a menina pequenina que tinha como sonho ser uma princesa. Cresci, os meus objectivos são outros.
Não me deixam seguir em frente? Está bem. Vou sozinha e no final, quando voltar, sei que valeu a pena tudo o que fiz. Vou dizer "Olhem para mim agora."
Era a minha hora de brilhar.

Só estou a tentar dizer que... por vezes, dizer adeus é uma segunda oportunidade.